IBSN: Blog Internet Número de série 303-406-587-9

sábado, 31 de maio de 2014

SOBRE A INTERDISCIPLINARIDADE

SOBRE A INTERDISCIPLINARIDADE 

  Aldo de Albuquerque Barreto 

"A Interdisciplinaridade não é mais o que costumava ser" são palavras de Pierre Jacob em seu artigo:  "A philosopher's reflections on his interactions with a neuroscientist" no  Seminário Virtual "Repensando a interdisciplinaridade" acontecido em: 
http://www.interdisciplines.org/interdisciplinarity com o patrocínio do "Centre National de la Recherche Scientifique" da França.

A questão da interdisciplinaridade, é dito, floresceu dos anos 70 a 90 para atenuar a maneira rígida e independente com que cada disciplina se posicionava na Academia. A partir de 1980, porém, a interdisciplinaridade tem sido usada para introduzir, com certo autoritarismo acadêmico, as soluções mal arrumadas para os problemas centrados nas dificuldades teóricas, metodológicas e práticas de uma área. As lacunas teóricas são preenchidas com uma reflexão estrangeira, com  arcabouços prontos trazidos apressadamente de outras áreas.

Muitas vezes o modismo intelectual e acadêmico pode levar a uma prepotência homogeneizadora do pensamento em vigor, são posições fortes e de difícil questionamento. A teoria dos Sistemas e depois o Cognitivismo, cada um em sua época, são exemplos disso. Durante o reinado de cada "embasamento teórico conceitual", qualquer projeto que não tivesse sua explicação teórica ou sua metodologia centrada em seu pensamento normativo, sequer seria analisado.

Ian Hacking comenta o fato no Seminário acima citado:

"A idéia da raiz é aquela de uma disciplina onde você pode ver como a idéia se bifurca. Em uma mão, os professores religiosos e acadêmicos, os coordenadores, ou os artistas modernos que têm disciplinas criam campos do conhecimento, da compreensão e da atividade. 

Em minha opinião, o que importa é que diligentes pensadores e honestos ativistas respeitam as habilidades aprendidas e talentos de nascimento. Existirá sempre alguém que sabe mais do que você em seu campo ou pode fazer algo mais do que você pode. Não porque você é inexperiente no domínio, mas porque você, em determinado momento e tema, necessita a ajuda de uma outra pessoa. Eu nunca procuro a ajuda de uma pessoa 'interdisciplinary', mas somente de um 'disciplined'."

E segue: "Há hoje uma consciência crescente que os diagramas podem ter um papel fundamental na comunicação das idéias. Na Física moderna, o diagrama de Feynman é uma ferramenta indispensável do pensamento. Eu fiquei interessado nos diagramas em árvore. Neste campo há os cientistas cognitivos que discutem fortemente as hierarquias, as taxonomias. É isto uma questão interdisciplinar? Em um sentido, 'sim', e eu devo estar  consultando peritos das disciplinas que são mutuamente entrelaçadas nesse foco pretendido.  
Mas, em um sentido mais importante, a resposta é 'não': os acadêmicos altamente disciplinados ajudam sempre e individualmente o pesquisador externo em um projeto que seja fácil de explicar e de cativar a atenção.

Eu respeito as perguntas levantadas por meus colegas, mas acho que vale a pena fazer uma indicação em relação às disciplinas que, embora de grande colaboração, não necessitam ser, no sentido amplo da palavra, 'interdisciplinares'."[*] 

 (continua...) 
(...continuação) 
  
Um querer interdisciplinar não pode simplesmente transpor teorias e conceitos emprestados de um campo ou área para formar novo conhecimento em outra área. Este transporte de idéias, métodos, do pensar em si tem que respeitar as características existentes e manifestas da área que empresta, por exemplo, a Ciência da Informação com seu objeto, a informação, considerando todas as suas configurações fenomenais, suas qualidades, características e singularidades. Não basta pegar e trazer. É preciso estabelecer um canal formal de comunicação e relações entre as duas áreas.

A interdisciplinaridade é a observância partilhada de preceitos e normas acadêmicas e não se constrói na desordem da emergência. Assim, toda uma argumentação deve ser construída para a viabilidade da transmutação de conhecimentos que precisa estar clara e convincente.  Deve estar, ainda,  detalhadamente explícito como este pensar estrangeiro se insere no mundo do outro campo e, ao se inserir, não provocar estranhamentos teóricos e conceituais. A interdisciplinaridade é via de mão dupla e só acontece no trabalho conjunto e formalizado de grupos comuns.

Um bom exemplo desse desencontro de idéias é a Ciência Cognitiva, um trabalho conjunto de neurocientistas, biólogos, cientistas da computação, engenheiros e cientistas sociais, entre outros. Um primor de interdisciplinaridade por quantidade de campos.

A Ciência Cognitiva defende que as operações mentais podem se adequar a um sistema representacional do tipo algoritmo versus máquina para modelar e expor as funções cognitivas em determinado contexto. Assim, pelas normas da ciência cognitiva, podem ser representados em um modelo computacional a memória, a cognição, o raciocínio, o conhecimento e a representação do conhecimento. 

Este modelo da Ciência Cognitiva nada tem a ver com o "cognitivismo", do qual nos fala Nick Belkin e outros. Este tem uma conotação humanista e filosófica de apropriação da informação por uma consciência subjetiva: acredita o conhecimento como fruto de um processo que envolve as cadeias do pensamento, processo complexo, ainda inexplorado, e não modelável como um centro de cálculo.

Olhar várias disciplinas instrui a criatividade e a multiplicidade é uma saudável nação da universidade e da ciência. Mas como diz o autor acima: "não necessitam, estas disciplinas, ser no sentido amplo da palavra 'interdisciplinares' só pela coexistência de interesses comuns". 

[*] The Complacent Disciplinarian, por Ian Hacking: http://www.interdisciplines.org/interdisciplinarity/papers/7

Fonte: BARRETO, Aldo Albuquerque. Sobre a Interdisciplinaridade. DataGramaZero, v.5   n.6   dez/2004. Disponível em: <http://www.datagramazero.org.br/dez04/Ind_com.htm>. Acesso em: 31 maio 2014.
E no espaço Academia.edu: <https://www.academia.edu/7212387/Sobre_a_Interdisciplinaridade>




sábado, 28 de setembro de 2013

Ser ou não ser original cm ciências sociais ??


Ser ou não ser original cm ciências sociais é um artigo do autor Edson Nery da Fonseca, publicado em 1973, (40 anos atrás), porém se aplica aos dias de hoje. Trata da publicação científica nos conflitos existenciais da academia, produtora do conhecimento.O artigo é fabuloso, vale apena ler.


RESUMO
Diversos motivos explicam porque, no campo das ciências sociais, só recentemente a bibliografia e a documentação têm alcançado elevado reconhecimento. Nesse campo, surgem grandes dificuldades com a imprecisão conceitual, o que não ocorre nas ciências exatas e naturais com conceitos definidos e taxonomias internacionalmente consagradas; outra dificuldade é a que resulta da crescente interrelação entre as ciências sociais, isto é, do seu caráter interdisciplinar. Tanto em ciência como em arte a originalidade absoluta não existe, consistindo na combinação de elementos velhos com novos ou de dois elementos velhos nunca antes reunidos. Um novo campo de estudos sobre a relação entre documentos citados e documentos citantes já está consagrado com o nome de ciência da informação, que trata da metodologia interdisciplinar relacionada com os outros campos e procura investigar o chamado fluxo da informação. Reconhecimento por Victor Zoltowsky, da natureza científica e não apenas técnica da bibliografia, considerada como ciência concreta. Em artigo publicado em 1943, Gilberto Freyre se ocupou pioneiramente do conceito de originalidade e da importância das citações na gênese da criação científica.

ABSTRACT
To be or not to be original in social sciences: concerning a pioneer article. v. 1, n. 2, p. 227-235, jul./dez. 1973. Several aspects explain why in the social sciences field, only recently that the bibliography and the documentation had reached high acquaintance. In social sciences field’s there are great difficulties how the conception impression, what don’t have occurence in the exact and natural sciences because have definitives concepts and international consecrated taxonomies. Other difficulty is the result from the relation between the social sciences, that is its interdiscipline character, as in science as in art there is no originality; it is the combination of news and old elements or of two old elements never before met. A new field of study about citations and scientific creation is already consecrated with the name of information science, that deals with the others fields and look to investigate the called flow information. Acknowledgement of Victor Zoltowsky, sociologic of the scientific nature and not only bibliography technique considered as concrete science. In an article published in 1943, Gilberto Freyre, as the pioneer, established the concept of originality and made relevant the importance of citation in the genesis of the scientific creation.

RESUMÉ
Être ou ne pas être original en sciences sociales: à propos d’un article original. v. 1, n. 2, p. 227-235, jul./dez. 1973. Il y a divers motifs pour expliquer pourquoi, dans les sciences sociales, la bibliographie et la documentation ont connu très récemment une grande valeur. Dans le champs des sciences sociales, apparaissent de grandes difficultés, comme, l’impression conceptuelle chose qui n’arrive pas dans les sciences exactes et les sciences naturelles, qui ont des concepts définis et des taxonomies internationalement reconnus. Une autre difficulté, vient de la croissante intercommunication entre les sciences sociales, c’est-à-dire de son caractère interdisciplinaire. Dans la science comme dans l’art, l’originalité absolue n’existe pas; c’est la combinaison d’éléments anciens avec des nouveaux ou de deux éléments anciens, qui jusqu’alors ne se sont jamais reunis. Un nouveau champs d’étude sur des citations et la création scientifique est déjà consacré avec le nom de science de l’information qui a pour objet la méthodologie interdisciplinaire par rapport à autres champs et a pour but la recherche de ce que nous appelons le flux d’information. Victor Zoltoweky reconnaît la nature scientifique et non simplement téchnique de la bibliographie, considérée comme science exacte. Dans un article publié, em 1943, Gilberto Freyre s’est occupé pour la premiere fois du concept de l’originalité et de l’importance des citations, dans la genesi de la création scientifique.

Fonte:

FONSECA, Edson Nery da. Ser ou não ser original cm ciências sociais. Ci. & Tróp., Recife,  v. 1,  n.2, p. 227 -235,  jul. /dez., 1973. Disponível em: <http://periodicos.fundaj.gov.br/index.php/CIT/article/view/39/7>. Acesso em: 28 set. 2013.

domingo, 2 de junho de 2013

Periódicos da Área Ciência da Informação

Em uma breve pesquisa na web, localizei estes periódicos da área (Ciência da Informação e algumas de áreas correlatas), todas ativas e funcionando.

Anais do Museu Paulista
http://www.mp.usp.br/publicacoes/anais-do-museu-paulista

Revista Estudos Históricos
http://cpdoc.fgv.br/revista

Revista de História
http://revhistoria.usp.br/

Revista Ciência da Informação
http://revista.ibict.br/ciinf/index.php/ciinf

Revista DataGramaZero
http://www.dgz.org.br/

InCID: Revista de Ciência da Informação e Documentação
http://revistas.ffclrp.usp.br/incid

Perspectivas em Ciência da Informação
http://portaldeperiodicos.eci.ufmg.br/index.php/pci

Revista Ibero-Americana de Ciência da Informação
http://seer.bce.unb.br/index.php/rici

Informação & Informação
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/informacao/index

Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação (RDBCI)
http://143.106.108.14/seer/ojs/index.php/rbci/about

Em Questão
http://seer.ufrgs.br/index.php/EmQuestao

Transinformação
https://www.puc-campinas.edu.br/periodicocientifico

Tendências da Pesquisa Brasileira em Ciência da Informação
http://inseer.ibict.br/ancib/index.php/tpbci/index

Revista ACB
http://revista.acbsc.org.br/racb

Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação
http://rbbd.febab.org.br/rbbd/index

PontodeAcesso
http://www.portalseer.ufba.br/index.php/revistaici

Brazilian Journal of Information Science
http://www2.marilia.unesp.br/revistas/index.php/bjis

Biblionline
http://www.ies.ufpb.br/ojs2/index.php/biblio

Informação & Sociedade: Estudos
http://www.ies.ufpb.br/ojs2/index.php/ies

Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação
http://infobci.wordpress.com/category/revista-digital-de-biblioteconomia-e-ciencia-da-informacao/

Revista Pesquisa Brasileira em Ciência da Informação e Biblioteconomia
http://www.deolhonaci.com/pbcib/

Revista PerCursos
http://www.periodicos.udesc.br/index.php/percursos

Revista Biblos
http://www.seer.furg.br/biblos/index

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Resumo do Livro: Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia.


Por: Juliana Fachin

Resenha do Livro:

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia.  São Paulo: Ed. 34, v.1, 1995.  


Conforme Deleuze e Guattari (1995) os rizomas não têm início nem fim, eles se encontram, conectam entre si; estar na estrutura rizomática e fazer parte, é o elo, a aliança mais importante de ligação dessa estrutura, seguindo uma linha de evolução. 


Não existem pontos ou posições num rizoma como se encontra numa estrutura, em numa árvore, numa raiz. Existem somente linhas. [...] Todo rizoma compreende linhas de segmentaridade segundo as quais ele é estratificado, territorializado, organizado, significado, atribuído etc. (DELEUZE; GUATTARI, 1995, p. 16-17).

 

O significado de sua existência e sua evolução está na ligação que tem com as coisas, no meio em que se encontra conectado, com o objeto de relação.  Deleuze e Guattari explicam a relação entre o significado e significante:

Não há diferença entre aquilo de que um livro fala e a maneira como é feito. Um livro tampouco tem objeto. Considerado como agenciamento, ele está somente em conexão com outros agenciamentos, em relação com outros corpos sem órgãos. Não se perguntará nunca o que um livro quer dizer, significado ou significante, não se buscará nada compreender num livro, perguntar-se-á com o que ele funciona, em conexão com o que ele faz ou não passar intensidades, em que multiplicidades ele se introduz e metamorfoseia a sua, com que corpos sem órgãos ele faz convergir o seu. (DELEUZE; GUATTARI, 1995, p.11).


Essa questão da necessidade do significado das funções das coisas, destacando que, o que realmente importa é a conexão que estas coisas fazem com outros elementos que podem ser do mesmo gênero, espécie ou não.

Deleuze e Guattari explicam que até mesmo animais são rizomas, plantas, raízes, matilhas, não só na forma, mas também, na conduta como vivem em seu habitat, deslocamento, função e organização, indicando que um “rizoma tem formas muito diversas” (DELEUZE; GUATTARI, 1995, p. 14).

Os autores apresentam características “aproximativas” de um rizoma, com base em seis princípios.

1º e 2º princípio é a heterogeneidade: indica que, qualquer parte “ponto” de um rizoma pode ser conectado a qualquer outro, não fixando um ponto em apenas um local, mas todos são diferentes com características diferentes.

3º trata do princípio da multiplicidade: não tem relação com sujeito ou objeto, mas tem “determinação, grandeza, dimensões”, conforme crescem mudam de natureza, com a multiplicidade surge às leis da combinação. “As multiplicidades se definem pelo fora: pela linha abstrata, linha de fuga ou de desterritorialização segundo a qual elas mudam de natureza ao se conectarem às outras” (DELEUZE; GUATTARI, 1995, p. 16). Como a questão das combinações genéticas de uma tribo, em que gerações próximas não se relacionam para preservar a multiplicidade, intuitivamente inibindo a consanguinidade.

4º O princípio de ruptura: a-significante, um rizoma pode sofrer uma ruptura a qualquer momento separando ou atravessando estruturas. “Um rizoma pode ser rompido, quebrado em um lugar qualquer” (DELEUZE; GUATTARI, 1995, p. 17).  Podendo retomar algumas linhas, como se fosse impossível exterminá-lo (exemplo do formigueiro, em que o extermínio de algumas formigas não extingue a formação e reconstituição de todo o formigueiro).

“Nó:, fazemos rizoma com nossos vírus, ou antes, nossos vírus nos fazem fazer rizoma com outros animais” (DELEUZE; GUATTARI, 1995, p. 18).  O exemplo é a transferência genética entre espécies iguais e diferentes, dados genéticos são transmitidos e modificados, causando uma ligação entre espécies diferentes. Seria o caso dos vírus derivados de animais e transmitidos de um humano para outros; um exemplo é a gripe derivada do suíno, de aves, nesses animais não causam grandes danos, mas pode ser altamente destrutivo nos humanos, criando um elo de relação, de troca de informação genética entre espécies diferentes. 

“Evoluímos e morremos devido as nossas gripes polimórficas e rizomáticas mais do que devido a nossas doenças de descendência ou que têm elas mesmas sua descendência. O rizoma é uma antigenealogia” (DELEUZE; GUATTARI, 1995, p. 18/19).

5º e 6º Princípio de cartografia e decalcomania: um rizoma não se explica por nenhum modelo estrutural ou gerativo, ainda a qualquer ideia de eixo genético ou estrutura profunda. O rizoma compõe um mapa com os objetos e coisas que contribui para a ‘conexão’ de campos. “O mapa é aberto, é conectável em todas as suas dimensões, desmontável, reversível, suscetível de receber modificações constantemente” (DELEUZE; GUATTARI, 1995, p. 21).

Um mapa se compõe na reconstituição, no desenho, adaptação, montagem de ‘qualquer natureza’, ele pode ser montado por um único indivíduo, grupo ou por uma sociedade ou parte dela, desenhando-o em paredes, obras de arte, ação política, ou como um gesto espiritual como a meditação. “Uma das características mais importantes do rizoma talvez seja a de ter sempre múltiplas entradas” (DELEUZE; GUATTARI, 1995, p. 21).

As ligações rizomáticas conectadas a uma rede em que estados não definidos a-significante conectam com outros sem formação heterogênea, mas que tem sentido de existência em sua plenitude, significância sem significado definido ou padrão.

Um sistema a-centrado faz ligação coordenada e independente com uma instância central, multiplicando entre outros pontos de ligações da rede. O modelo descentralizador da multiplicidade de módulos, ramificações numerosas e independentes, carregando um mínimo de poder central e modulação hierárquica, tornando um sistema livre e sem barreiras, mas que pode sofrer rupturas no percorrer do seu caminho. “Árvores podem corresponder ao rizoma, ou, inversamente, germinar em rizoma” (DELEUZE; GUATTARI, 1995, p. 26/27), a relação entre si se baseia na conexão e troca.

Os autores citam modelos rizomáticos, dos quais, grupos aborígenes consistem na formação da sociedade humana. Os “índios sem ascendência, seu limite sempre fugidio, suas fronteiras movediças e deslocadas.”

A questão da existência no local, espaço, meio, um rizoma é livre, ele segue um caminho não definido, conectando-se com outros e outros, sempre criando elos não definidos, mas contínuos, com significado não significante de formas diferentes de multiplicar, se relacionar, faz a ligação arborescente na rede rizomática.

O rizoma é feito somente de linhas: linhas de segmentaridade, de estratificação, como dimensões, mas também linha de fuga ou de desterritorialização como dimensão máxima. [...] O rizoma procede por variação, expansão, conquista, captura, picada (DELEUZE; GUATTARI, 199, p. 31-32). 

Essas linhas seguem seu caminho sem objetivo de chegada, nem de partida, apenas de seguir em frente, deslocando-se por lugares, criando as redes de ligações, os mapas do percurso.

Um sistema rizomático pode ser algo complexo de se entender, porém é expressivo quanto a sua posição, característica na sociedade, um sistema constituído por rizomas (conforme interpretação do livro Mil platôs) contempla a ligação de todos os elementos vivos, natureza, ambiente etc. Esses laços e ligações remetem a função de cada um no mundo em que vivemos e como somos influenciados uns pelos outros, involuntariamente de forma a construir, traçar linhas, percursos no mapa da vida de forma rizomática! 



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quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Documentário sobre a Servidão Moderna

Esse documentário relata o atual sistema de consumo, escravidão e alienação de populações, raças crenças, ideologias e locais. 
As informações das mídias atuais induzem a sociedade a consumir, a viver de forma acelerada, pois é isso que mantém a máquina financeira funcionando.

Os "escravos modernos" são o alvo deste mercado escravista e dominador, a diferença é que nesta realidade a sociedade é escrava por  vontade própria.
Na busca insaciável pelos bens de consumo, de status e poder, os "escravos modernos" vivem em um mundo individualista, "líquido" e vazio.
"Com medo de tudo e todos, a sociedade tornou-se a selva do mundo moderno, algumas pessoas são a caça, outras o caçador." 
A sociedade do espetáculo condicionou a sociedade a viver o que rege o momento instantâneo, a moda, o consumo, o poder! A busca insaciável para fazer parte deste ambiente é incansável e contínua em várias classes e países.  
O estado de escravidão não perdura para sempre, chega um momento que a sociedade insatisfeita “acorda” e busca por N maneiras lutar contra o sistema, mas o sistema é forte, bem preparado, inter-conectado, difícil de penetra, abalar as estruturas. 
A imagem que representa esse movimento social em busca de libertação são as rebeliões, pois os “presos querem liberdade”, os confrontos de ideologias e preceitos sociais, os problemas econômicos excludentes e limitadores os fazem gritar por libertação. 
A forma  de fazer manifestos usando a força e violência com que a sociedade vem fazendo é desaprovada pelos demais da sociedade (tanto da parte da segurança pública/polícia, quanto dos manifestantes); Porém ainda é a forma mais eficaz para chamar atenção,  pois só assim a sociedade global para pra refletir sobre os problemas desta era globalizada, da tecnologia, da informação e escravidão econômica.



Data de publicação: 11/09/2012 por FUTUROAGORA
Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=ZK6buBKrlkw

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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Sugestão de leitura!

Sugestão de leitura!



Livro: Vamos praticar Yoga?

A escritora é professora de educação física, ela leciona em um Colégio em São Paulo. suas aulas são direcionadas para a prática consciente do yoga.

"Vamos Praticar Yoga?" é o convite que Maria Ester Massola faz para crianças de 06 a 14 anos, também para pais e professores. O livro foi escrito para despertar  o universo da prática yoga.
 Como as crianças estão expostas ao excesso de estímulos externos e avalanche de informações, o yoga ajuda acalmar e tranquilizar os pequenos, que desde cedo são ansiosos e super agitados. A proposta abordada no livro e realizada com as crianças traz um rico trabalho com posturas, respirações e preceitos éticos da arte milenar indiana que está embutida na prática do yoga.

O livro é permeado de lindas fotos com as crianças praticando o Yoga. São crianças de uma geração que convivem com o mundo eletrônico (computador, TV e vídeo games), elas descobriram a necessidade de se voltar para dentro e refletir sobre si mesmos, sobre o outro, sobre o planeta, e sobre valores éticos que atualmente os pais buscam desesperadamente passar para os filhos, o yoga trabalha de forma completa a formação humana de forma simples e agradável.

A prática do yoga instiga nos alunos o respeito uns para com os outros e com a natureza; infere reflexões sobre ações e atitudes; Ajuda criar o senso de consciência sobre os atos e atitudes realizados na sociedade. Introduz a importância de relaxar e refletir, de ter disciplina e respeito.

A riqueza do livro perpassa as expectativas de um simples livro sobre Yoga, pois envolve o projeto realizado com crianças, e a experiência da professora em ensinar a prática do Yoga (milenar) para essas crianças, constituindo suas vidas em conceitos e práticas, como também em hábitos. A obra é enriquecedora nas ilustrações, detalhes e forma com que escreve; um livro muito bem feito e de excelente material.

Recomendo a leitura para todos que tenham interesse no assunto, mas em especial para os pais, pois a linguagem é simples, clara e de fácil entendimento. É uma obra idealizada  com muitas energias boas, carrinho e amor.

Onde pode adquirir: http://livros.zura.com.br/vamos-praticar-yoga-isbn-9788576551881--maria-ester-azevedo-massola.html


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quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Resumo do Livro Humberto Maturana e Francisco Varela

Texto elabora por: Juliana Fachin

MATURANA, Humberto; VARELA, Francisco. A árvore do conhecimento: as bases biológicas da compreensão humana. Tradução Jonas Pereira dos Santos. São Paulo: Palas Athena, 1995, 270 p.


Resumo do livro:

            O breve resumo elaborado busca trazer questões chave, com o intuito de descrever características da obra. A proposta é apontar pontos impactantes sobre cada capítulo do livro, fazendo referência ao que os autores mencionam sobre o assunto, e conjeturando conforme o entendimento e reflexão própria obtida no decorrer da leitura da obra.

Prefácio – Primeiras folhas: a necessidade de nos conhecermos
Os autores fazem diversos questionamentos sobre a convivência humana relacionadas à questão do desenvolvimento social. Coloca a questão do auto-controle, do domínio social, da convivência de uns com os outros. Enfatiza a necessidade de se entender, de estudar o processo de aprendizagem social, como elemento de influencia nos acontecimentos da humanidade em todos os tempos.
Apontam reflexões sobre a violência do ser humano com os próprios seres humanos, questões de conflitos. Abordam questões da responsabilidade social, do pensar no outro. Fazem uma analogia aos conflitos vivenciados na terra com um gigantesco estádio de futebol bélico, em que os inimigos se confrontam defendendo cada um a sua verdade.
Os autores questionam a questão dos estudos para o entendimento do processo de conhecimento, da apropriação do saber. Indicam para as teorias existentes sobre o comportamento humano como incapazes de responder sobre a organização de todo ser vivo, organização do sistema nervoso, e a organização básica do sistema social ou como surgem às relações comportamentais do ser humano que originam toda cultura.
Associando a este fator de incompreensão a questão genética, em que “o sistema nervoso em seus processos de percepção, opera captando, processando, acumulando e transmitindo informação.” (p. 13)
Relata um estudo da neurobiologia indicou que o fenômeno do conhecer poderia ser explicado como fenômeno biológico. O interesse em conhecer como opera a própria natureza.
A questão da harmonia social, fortificada na confiança, na paz, no respeito, no amor ao próximo, à colaboração, a solidariedade social.
“o universo de conhecimentos, de experiências, de percepções do ser humano não é passível de explicação a partir de uma perspectiva independente desse mesmo universo.” (p. 14) por isso todas as pesquisas realizadas nesse sentido não conseguiram apresentar uma resposta adequada para resolver o problema, que envolve o reconhecimento da natureza circular do conhecimento humano.

Reconhecer o outro em suas diferenças e saber respeita-las, o mesmo que as pessoas fazem com a conscientização das crianças, pois o preconceito, ódio não é herança genética, nem está ligada ao pré-conhecimento sucinto dos seres humanos, mas é criado e alimentado no decorrer dos tempos, com atitudes de desrespeito para com o próximo, com mau exemplo, e assim por diante.

“[...] nunca atingiremos uma convivência criativa e sempre estaremos generalizando o rancor, que se transforma num agressivo controle ou numa submissão hipócrita.” (p. 20)

O ser humano ao generalizar tudo sem pensar nas consequências de sua fala e de seus atos torna a sociedade um meio impaciente, inseguro, causando situações de caos, de guerra e constantes conflitos.


 Brotos de Inspiração.
Enfatizam a necessidade de descrever o ser humano para entender cientificamente o processo de observação, e da auto-observação e do ser autoconsciente.
“o conhecimento é um processo de "armazenamento" de "informação" sobre o mundo ambiente e que o processo de viver é, portanto um conhecer como "adapatar-se" a este mundo adquirindo mais e mais informação sobre sua natureza.” (p. 25)

Mas a dinâmica do ser vivo depende das mudanças ambientais (em que só sobreviverá se adaptar as mudanças) e incorporá-las em seu conhecer.
Para o observador, o fenômeno conhecer refere-se em adquirir informações de um ambiente cuja natureza é independente do fenômeno do conhecer.
A conclusão da observação de seres vivos é que (conforme o exemplo do macaco, p. 26): a dinâmica do ambiente é independente do ser vivo em estudo, (usando como acesso o conhecimento) independente da dinâmica de tal ser vivo. Esse processo em que se consiste o conhecer do ambiente esta relacionado à finalidade de adaptação do ser as mudanças do ambiente.
Logo o observador valida a experiência para a espécie humana, comparando-as com outros seres vivos, em sua adaptabilidade nas mudanças do ambiente. Mas não pode indicar que seus conhecimentos sobre o ambiente serão independentes e sua experiência com as quais experimenta o tal ambiente.
Os seres humanos não têm acesso ao seu próprio campo cognitivo, observando de fora desse campo. Não podendo analisar o funcionamento do cérebro ( próprio ou do outro).
“O observador é um sistema vivo, e o entendimento do conhecimento como fenômeno biológico deve dar conta do observador e do seu papel nele (no sistema vivo).” (p. 29)

"Tanto o biólogo quanto o teórico do cérebro ou o pensador social enfrentam um problema fundamental quando, 'nolens volens (querendo ou não), têm de descrever um sistema do qual eles mesmos 'são componentes.” (FOERSTER, p. 29) é impossível realizar um estudo ou teoria sem se incluir.

Como faria a análise das variações do próprio mundo e como explicar essas mudanças se não pode inferir sua percepção no contexto. Então, como realizar o triangulo entre o observador- organismo-ambiente?

Os estudos das ciências da vida e das ciências sociais são nada mais que uma nova visão do nosso velho mundo, numa perspectiva que obriga a um profundo repensar da natureza da condição social humana. (p. 36)

Com a observação do mundo, cria-se o conhecimento de uma nova percepção para olhar para o mundo e realidade social.


Folhas finais: viragens para um reencontro.

Relata a importância da convivência em conjunto, com o outro, aceitar o outro faz parte do processo de desenvolvimento pessoal e social. “a experiência cognoscitiva do presente na linguagem como fenômeno social.” (p. 43)

“A cosmovisão sobre o universo humano que aqui se apresenta, nos mostra que ela é coroada com a mesma concepção ética que nos faz refletir na condição humana como uma natureza cuja evolução e realização está no encontro do ser individual com sua natureza última, que é o ser social.” (p. 44)

“o aspecto extraordinariamente notável desta cosmologia é o fundamento operacional em que ela se baseia para demonstrar justamente que a condição última de nossa natureza é precisamente este "ser humano" que se faz (fazemo-nos) continuamente a si mesmo, num operar recursivo, tanto de processos autopoiéticos como sociais (linguagem), com os quais se gera continuamente a auto-descrição do que fazemos. Não é possível conhecer senão o que se faz.” (p. 45)

Apontam para o entendimento da evolução humana como meio de compreender o outro de entender a necessidade da existência de todos na terra. Constituindo a consciência de si e do outro, dou “altruísmo comunitário”, respeitando uns aos outros.


CAPÍTULO 1- A ÁRVORE DO CONHECIMENTO: As bases biológicas do entendimento humano.

Os autores ilustram o texto com uma imagem da coroação de espinhos de Jesus Cristo. Usam-nas para comparar demonstrar o fenômeno da cognição, relatando uma personagem que infere em seus gestos o ato de certeza, chamado pelos autores como fenômeno do conhecimento, ocasionando ações.

“toda experiência de certeza é um fenômeno individual, cego ao ato cognitivo do outro, em uma solidão.” (p. 53)

Apontam a experiência visual cotidiana, como a experiência das imagens cognitivas que trazem o foco para a sensação de estar vendo algo, e outro, de não perceber um ponto nítido onde deveria ver, a resposta conforme os autores estão da percepção de cada um, na experiência visual e de espaço de cada um.

Os autores indicam a experiência da cor relacionada ao estado de atividade do sistema nervoso determinado pela sua estrutura. “Não vemos o "espaço" do mundo - vivemos nosso campo visual. Não vemos as "cores" do mundo - vivemos nosso espaço cromático.” (p. 58)

“A reflexão é um processo de conhecer como conhecemos um ato de nos voltarmos sobre nós mesmos, a única oportunidade que temos de descobrir nossas cegueiras e de reconhecer que as certezas e os conhecimentos dos outros são, respectivamente, tão nebulosos e tênues quanto os nossos.” (p. 59)

Conforme os autores o ato da ação e experiência inseparável, indica que todo ato de conhecer produz um mundo. “todo fazer é conhecer e todo conhecer é fazer.” (p. 60)

A linguagem, ao mesmo tempo em que é um instrumento cognitivo é nosso problema.

“O produzir do mundo é o cerne pulsante do conhecimento, e está associado às raízes mais profundas de nosso ser cognitivo, por mais sólida que nos pareça nossa experiência. [...] O fenômeno do conhecer é um todo integrado, e todos os seus aspectos estão fundados sobre a mesma base (da experiência e percepção individual do ponto de vista de cada um).” (p. 61)

Os autores propuseram um sistema conceitual com o objetivo de gerar o fenômeno cognitivo como resultado da ação de um, ser vivo, com o intuito de mostrar que o processo pode resultar em seres vivos capazes de gerar descrições e refletir sobre elas, como resultado de sua realização como seres vivos, operando em seu domínio de existência.


CAPITULO 2- A ORGANIZAÇÃO DOS SERES VIVOS.

Os autores fazem ou retrocesso aos tempos em que no planeta não existia vida na terra, em que ainda se constituía este sistema em que é conhecido hoje. A questão levantada era tentar classificar os organismos vivos em sua organização, constituição para assim classificar a ordem desses seres.
A base biológica do conhece não pode ser entendida apenas pelo exame do sistema nervoso, mas sim como um todo. “Todo conhecer é uma ação da parte daquele que conhece. Todo conhecer depende da estrutura daquele que conhece.” (p. 68)

A descrição da história da terra, inferindo o surgimento e evolução das espécies e transformação da matéria que possibilitou o aparecimento dos seres vivos no planeta. Relata a constantes transformações e mudanças no sistema da via láctea, como o surgimento e desaparecimento das estrelas.
O surgimento molecular foi o que possibilitou o aparecimento dos seres vivos. As condições climáticas e terrestres que proporcionaram a evolução e nascimento de diversas espécies vivas.
“os seres vivos se caracterizam por sua organização autopoiética. Diferenciam-se entre si por terem estruturas diferentes, mas iguais em sua organização.” (p. 79)
 “A formação de uma unidade sempre determina uma série de fenômenos associados às características que a definem. [...] uma célula interage com uma molécula X, incorporando-a a seus processos, o que ocorre como conseqüência dessa interação é determinada não pelas propriedades da molécula X, mas pelo modo com que essa molécula é "vista" ou tomada pela célula quando esta a incorpora em sua dinâmica autopoiética.” (p. 84)

Os autores classificam os seres vivos como organismos capazes de se reproduzir continuamente a si mesmo. Chamando-os de organização autopoiética, definindo-se por relações. Os autores enfatizam que os seres vivos são unidades autônomas (aquilo que é próprio dele).

CAPÍTULO 3: HISTÓRIA: REPRODUÇÃO E HEREDITARIEDADE.

Relata a evolução dos seres no planeta, bem como a constituição da herança genética de cada um. A reprodução foi um fator importante na origem dos seres humanos, mas não faz parte da organização dos seres vivos.
“Toda vez que, num sistema, um estado surge como modificação de um estado anterior tem um fenômeno histórico.” (p. 88)

A unidade original (ser vivo- unidade autopoiética) e o processo que a reproduz (produzindo outra unidade distinta), constituindo uma cadeia de produção e reprodução viva.
Mas a reprodução não é a única e total forma de constituir uma espécie, “estamos dizendo simplesmente que, a reprodução não pode ser parte da organização do ser vivo porque, para que algo se reproduza, é preciso que antes seja uma unidade e tenha uma organização que o defina.”

 Não é por que algumas células humanas são capazes de se auto-reproduzir que o ser humano também é, o organismo todo é bem mais complexo. “a hereditariedade se manifesta em cada instância reprodutiva dos sistemas como um fenômeno constitutivo da reprodução ao gerar duas unidades da mesma classe.” (p. 98)
O DNA não é responsável pela estrutura celular, já que se constituem em uma rede dependente um do outro, portanto o DNA não é o único responsável pela organização celular em que possibilita a divisão e reprodução celular.

CAPÍTULO 4: A VIDA DOS METACELULARES

Aborda as formas de reprodução dos organismos celulares, enfatizando os processos de construção de novos elementos celulares no sistema vivo. Indica a sexualidade como um elemento ‘praticamente universal’ e fundamental para facilitar a multiplicação das linhagens.
“A ontogenia é a história da mudança estrutural de uma unidade sem que esta perca sua organização. Essa contínua mudança estrutural ocorre na unidade a cada momento, desencadeada por interações com o meio onde se encontra ou como resultado de sua dinâmica interna.” (104)


 “toda variação ontogênica resulta em modos diferentes de ser no mundo em que vivemos, porque é a estrutura da unidade que determina sua interação no ambiente e o mundo que configura.” (p. 115)

Neste capitulo os autores falam mais na organização e classificação dos organismos que constituem os seres vivos em suas fáceis mutáveis. Sendo que cada sistema celular constituem uma forma distinta de desenvolvimento e reprodução, mas que leva a congregação da espécie como qualquer outra, independente de seu hábitat. Constituindo-se seres vivos mutáveis e em constante reprodução.


CAPITULO 5: A DERIVA NATURAL DOS SERES VIVOS

Os autores tentam esclarecer com exemplos como ocorreu a transformação dos seres vivos durante sua história. Explicam a extinção de espécies como linhagens que em um determinado momento não são mais compatíveis com a variação ambiental, eliminando-se do sistema.

A forma viva que os organismos se reproduzem e se multiplicam está relacionado ao sistema complexo de mutação, desempenhando um papel fundamental para a evolução de todas as espécies vivas no planeta.
“Em primeiro lugar, vimos como eles se constituem enquanto unidades, e como sua identidade é definida pela organização autopoiética que lhes é própria. Em segundo lugar, explicamos de que modo essa identidade autopoiética pode adquirir a capacidade da reprodução sequencial, e assim gerar uma rede histórica de linhagens. Por último, vimos de que modo os organismos celulares, como nós mesmos, nascem a partir do acoplamento de células descendentes de uma célula única, e como todos os organismos metacelulares, intercalados em ciclos geracionais que sempre partem do estado unicelular, não passam de variações sobre o mesmo tema.” (p. 122)

Duas estruturas são consideras distintas umas das outras, conforme os autores: o ser vivo e o meio, mas há uma estrutura de ligação necessária para sobrevivência do ser vivo.

“uma mudança no ambiente não determinará o que acontece com o ser vivo, mas a estrutura deste (ser vivo) que define que mudanças ocorrerão como resposta.” (p. 123) “Essas mudanças estruturais ocorrem como resultado de sua própria dinâmica ou são desencadeadas por suas interações.” (p. 124)

O ser humano na maioria das vezes pensa que os problemas vêm dos outros, usando o exemplo dos autores, o carro, quando não pega pensamos que o problema está no carro e não na pessoa que está conduzindo o veículo.

“caso haja uma mudança significativa na temperatura terrestre, somente os organismos capazes de viver dentro do novo padrão térmico poderão continuar sua filogenia.” (p. 140)

Os seres capazes de se adaptar, e se desenvolver em um novo meio é que sobreviveram em um ambiente novo, no que consiste uma evolução terrestre, por tanto a auto avaliação e o processo de conhecimento são elementos fundamentais para a mudança do comportamento dos seres vivos e para garantir sua sobrevivência no meio.

CAPÍTULO 6: DOMÍNIO DE CONDUTA

Por mais que aconteça uma mudança de conduta em um ser vivo, este segue vivendo de forma intuitiva (conduzindo sua vida com o conhecimento vivido, sucinto), pois a forma com que aprendeu a fazer as coisas funcionava bem, a mudança é algo difícil em todas as espécies.

“Todo ser vivo começa sua existência com uma estrutura unicelular particular. É seu ponto de partida. Por isso, a ontogenia de todo ser vivo consiste em sua contínua transformação estrutural.” (p. 150), mas, não infere total mudança comportamental.

A formação estrutural não define o domínio de conduta. “sabemos que o sistema nervoso, sendo parte de um organismo, opera com determinação estrutural. Portanto, a estrutura do meio não pode determinar suas mudanças, mas apenas desencadeá-las.” (p. 153)

Como o caso da menina lobo, a adaptação ao meio humano não se deu totalmente por que a conduta anterior em que vivia lhe dizia que a forma de vida que tinha era a correta, e sua ‘família’ eram os lobos. 

“O problema começa quando mudamos, sem perceber, de um domínio para o outro, e exigimos que as correspondências que estabelecemos entre eles (pois podemos vê-los simultaneamente) participem de fato do funcionamento da unidade - nesse caso, o organismo e o sistema nervoso.” (p. 156)

“A conduta dos seres vivos não é uma invenção do sistema nervoso [...]. O que o sistema nervoso faz é expandir o domínio de possíveis condutas, ao dotar o organismo de uma estrutura tremendamente versátil e plástica.” (p. 158)

A conduta social é um elemento característica de cada espécie, que se destinge para sobrevivência e perpetuação da espécie. A mudança de conduta (postura) intuitiva ou não acontece a todo o momento, com grau maior ou menor, pois os seres vivos só sobreviveram até hoje por que são capazes de mudar conforme o meio e se adaptar a este ‘novo’ meio. 


CAPÍTULO 7: O SISTEMA NERVOSO E A COGNIÇÃO

Neste capítulo os pesquisadores tentam esclarecer de que maneira o sistema nervoso influencia na interação de um organismo.

“é comum ouvirmos que o sistema nervoso é um órgão que funciona à base de trocas elétricas.” (174)

“O sistema neuronial se inseriu no organismo por meio de conexões múltiplas entre muitos tipos celulares, funcionando como uma rede de interconexões neuroniais entre as superfícies sensoriais e motoras e constituindo o conjunto que chamamos de sistema nervoso.” (174)

O sistema nervoso é interligado em uma rede conectada umas nas outras em que agem em conjunto. Mas o sistema nervoso age conforme o reflexo do exterior não inferindo conduta, ele age conforme o reflexo ligando a superfície sensorial com a motora.

“o aumento da massa cefálica amplia enormemente as possibilidades de plasticidade estrutural do organismo, o que é fundamental para a capacidade de aprendizagem.” (182)

“o sistema nervoso funciona como uma rede fechada de mudanças de relações de atividade entre seus componentes.” (183)

A plasticidade é o ato em que o sistema nervoso ao participar da ação dos órgãos sensoriais. Como parte do organismo o sistema nervoso participa das interações com o meio, estando em contínua mutação.

“o fenômeno da mudança estrutural se manifesta com mais força entre os vertebrados, particularmente entre os mamíferos. Assim, toda interação, todo acoplamento afeta o operar do sistema nervoso devido às mudanças estruturais que desencadeia nele.” (p. 187)

“A riqueza plástica do sistema nervoso não reside em sua produção de representações "engramas" das coisas do mundo, mas em sua contínua transformação, que permanece congruente com as transformações do meio, como resultado de cada interação que efetua.” (p. 187)

As mudanças estruturais que acontecem no sistema nervoso respondem as necessidades do organismo, que conserva a adaptação do organismo a seu meio de interação.

O domínio de conduta parece não ser algo predestinado ou embutido, já que o exemplo das meninas lobo mostrou que a adaptação delas nos costumes humanos não as fez abandonar todas as formas já concebidas de vivência e adotar novas concepções como correr em duas pernas. Logo sua estrutura de vida mudou, adaptou-se a alguns modos de vida humana, mas a lembrança da vida lobo ainda existia em seu ser. “diz-se que as estruturas são ontogênicas e que as condutas são aprendidas” (p. 189)

Com relação ao conhecimento, a forma que usamos para medir o conhecimento de alguém é quando está responde à uma pergunta de forma efetiva.

A forma com que é usado o sistema nervoso relacionado a cognição do funcionamento do organismo faz com que, em determinados momento ele aja de forma limitada, mesmo para aqueles cuja capacidade de diversidade é ilimitada como o homem. Quer dizer que apesar de um sujeito conhecer muito não quer dizer que este vai saber resolver um problema simples assim como lhe foi pedido, mesmo que este sujeito detenha de um conhecimento amplo.

“Em organismos cujo sistema nervoso é tão rico e variado como o do homem, os domínios de interação permitem a geração de novos fenômenos ao possibilitar novas dimensões de acoplamento estrutural. Foi isso que, em última instância, possibilitou a linguagem e a 'autoconsciência humanas.” (p. 192)
 Com o desenvolvimento dessas características é que foi possível a evolução da espécie, desenvolvendo sentidos, habilidades e consciência do que estava sendo feito, isso é entendimento do processo de sobrevivência em sociedade.


CAPÍTULO 8: OS FENÔMENOS SOCIAIS

O capítulo oito relata a organização social desde a constituição da ‘família’ filho, reprodução e responsabilidades em criar os filhos, como as diferenças das responsabilidades por organizações de espécies diferentes de seres vivos os chamados seres sociais (insetos).

Citam exemplos dos fenômenos sociais, como o comportamento de um grupo de formiga, servos, lobos, etc. a organização e formação de papeis são fundamentais para a sobrevivência do grupo.

A comunicação é elemento essencial para manter o contato com os demais indivíduos de um grupo. Mas “biologicamente, não há Informação transmitida na comunicação. O fenômeno da comunicação não depende do que se fornece, e sim do que acontece com o receptor” (p . 209).

Os vertebrados conseguem adaptar-se por que tem uma característica em comum, a imitação, os jovens observam os mais experientes e imita sua forma de articular, comunicar e agir.

Os casos de elementos altruísta em alguns grupos são entendidos como: “Os etólogos chamam de "altruístas" as ações que podem ser descritas como tendo efeitos benéficos para a coletividade.” (p. 210) uma conduta carregada de conotações éticas, conforme os autores a conduta altruísta são quase universais.

Há também os indivíduos que age de forma diferente, em que, “cada um cuida egoistamente de seus próprios interesses à custa dos demais, numa implacável competição.” (p. 210)

“a existência do vivo na deriva natural, tanto onto como filogenética, não depende da competição, e sim da conservação da adaptação.” (p. 210)

“A coerência e harmonia nas relações e interações entre os integrantes de um sistema social humano se devem à coerência e harmonia de seu crescimento dentro dele, numa contínua aprendizagem social que seu próprio operar social (linguístico) define, e que é possível graças aos processos genéticos e ontogenéticos que lhes permitem sua plasticidade estrutural.” (p. 215)

A evolução dos seres vivos caminhou para a consagração das espécies, de forma diferente em cada uma, mas com o mesmo objetivo para todas, o de sobreviver, seguindo o ciclo biológico da vida.


CAPÍTULO 9: DOMÍNIOS LINGUÍSTICOS E CONSCIÊNCIA HUMANA

A linguagem permite a mudança no domínio comportamental possibilitando desenvolver a reflexão e a consciência

Se for observada a história natural do homem, “o domínio linguístico do homem é muito mais abrangente e envolve muito mais aspectos de sua vida do que ocorre com qualquer outro animal.” (p. 223)

“A partir da existência da linguagem, não há limites para o que podemos descrever imaginar, relacionar. Ela permeia de modo absoluto toda a nossa ontogenia como indivíduos, desde o caminhar e a postura até a política.” (p. 224)

A característica mais forte da espécie humana está relacionada ao fato de poderem se alimentar, acasalar, se comunicar e sobreviver em cooperação, se relacionando como famílias e aprendendo novas formas de fazer as coisas, aperfeiçoando a todo instante, e cuidando uns dos outros de forma a manter a sobrevivência do grupo. Logo então a conduta linguística passou a ser objeto de coordenação comportamental.

“O sistema vivo, em todos os níveis, organiza-se de forma a gerar regularidades internas.” (p. 241) uma forma de comunicação, informando a um elemento o que ele precisa fazer, ou qual é sua função no sistema.

As palavras em sua forma geram ações, na história humana de interação a linguagem permitiu a interação pessoal. O homem só reflete sobre as suas ações quando de alguma forma fracassa em alguma dimensão de seu existir, os danos percebidos é que relata o quanto seu comportamento influencia e manipula a manutenção do mundo.

O fenômeno da comunicação são fatores essenciais para toda está interação social em todos os segmentos humanos. As atitudes cotidianas sob a perspectiva de mudanças é que faz a motivação da sociedade em aferir mudanças e novos comportamentos. E assim se deu o desenvolvimento do comportamento humano, o homem agindo conforme sua consciência seguindo caminhos, fazendo escolhas e agindo conforme a adaptação do ambiente, meio ou grupo. “é a rede de interações linguísticas que nos torna o que somos.” (p. 242)


CAPÍTULO 10: A ÁRVORE DO CONHECIMENTO

A interação do homem com o meio é que constroem a sua história. os fenômenos sociais, fundados num acoplamento linguístico, dão origem à linguagem, e como a linguagem, a partir de nossa experiência cotidiana do conhecer, nos permite gerar a explicação de sua origem. O começo é o final.” (p. 247)

“Tudo o que temos em comum como seres humanos é uma tradição biológica que começou com a origem da vida e que se estende até hoje, nas variadas histórias dos seres humanos deste planeta.” (p. 249)

O aprendizado instiga a espécie humana curiosa a buscar saber mais sobre algo, abrangendo um campo ilimitado de conhecimento. “O conhecer do conhecer não se ergue como uma árvore com um ponto de partida sólido, que cresce gradualmente até esgotar tudo o que há para conhecer.” (p. 250)

O conhecer faz com que as pessoas se comprometam, faz tomar uma atitude contra a tentação da certeza, e reconhecer que nossas certezas não são provas da verdade. “ao saber que sabemos, não podemos negar que sabemos.” (251) constituindo uma ética social perante os outros

“Se sabemos que nosso mundo é sempre o mundo que construímos com outros, toda vez que nos encontrarmos em contradição ou oposição a outro ser humano com quem desejamos conviver, nossa atitude não poderá ser a de reafirmar o que vemos do nosso próprio ponto de vista, e sim a de considerar que nosso ponto de vista é resultado de um acoplamento estrutural dentro de um domínio experiencial tão válido como o de nosso oponente, ainda que o dele nos pareça menos desejável.” (p. 251)

A consciência faz com que o homem tenha a necessidade de refletir sobre a existência do outro em seu ponto de vista e aprenda a conviver com o outro e suas diferenças, pois o homem só pode viver no mundo que se constroem com a ajuda do outro, olhando para o outro de forma igual como se olha- se para si mesmo. Pois sem amor, aceitação, socialização, não há humanidade.

“Todo ato humano ocorre na linguagem. Todo ato na linguagem produz o mundo que se cria com outros no ato de convivência que dá origem ao humano: por isso, todo ato humano tem sentido ético. Esse vínculo do humano com o humano é, em última análise, o fundamento de toda ética como reflexão sobre a legitimidade da presença do outro.” (p. 252)

Conforme os autores, toda ação social reflete em uma reação, ou mudança, seja para melhor ou pior, e todos sofrem as consequências. Refletir, auto avaliar, segundo os autores, são processo que ajudam na conscientização humana e consequentemente evolução da espécie.

O homem moderno vive em um período do desconhecimento do desconhecer. O não comprometimento com as ações sociais faz ser omisso com relação às responsabilidades sociais perante aos demais seres humanos. (p. 252)

A breve critica ao individualismo humano em uma sociedade, está relacionada com os fatos de que as pessoas desenvolveram a capacidade de saber algo que não condiz com as normas, as regras da sociedade, mas fazem de conta que não vê, de forma omissa toca sua vida como se aquilo na fizesse parte do ambiente em que vive da sociedade que participa.


Considerações finais:

            O livro é muito bom, trata da evolução da sociedade e seres vivos de uma forma diferente, com um amplo  sobre o assunto, aponta e levanta vários questionamentos sobre soluções e problemas, fazem reflexões sobre temas pouco discutidos na sociedade.
            Os autores tornam o texto bem explicativo com notas e exemplos para ajudar no detalhamento e compreensão do tema. É uma obra um tanto densa, mas muito esclarecedora, apesar de que, alguns assuntos necessitarem de maior atenção, ou talvez, releitura para a total compreensão, a obra consegue abordar de forma sucinta o tema proposto pelos autores.




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