IBSN: Blog Internet Número de série 303-406-587-9

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Resenha do livro: Neandertal, nosso irmão: Uma breve história do homem


Resenha: CONDEMI, Silvana; SAVATIER, François. Neandertal, nosso irmão: Uma breve história do homem. 1. ed. São Paulo: Vestígio, 2018.



      NEANDERTAL: O PARENTE DISTANTE DO HOMO SAPIENS


Hermes Moacir Vargas Sampaio


Sobre os autores, Silvana Condemi é francesa, Paleantóloga, especialista em estudos sobre neandertais na Universidade de Axi-Marseille, além de professora e pesquisadora no Centro Nacional de Pesquisa Científica da França, publicou inúmeros materiais científicos sobre o assunto, entre eles livros e artigos. O coautor François Savaterier é um jornalista científico francês, escreve sobre arqueologia, física e geociências, é editor da revista Pour la Science desde 1986, também é responsável pela seção A lire - ler. Tudo iniciou em uma conversa entre Condemi e Savaterier no café Madame - Paris, no qual nasce a ideia de escrever sobre “Neandertal, nosso irmão: uma breve história do homem”.
A obra começa seu primeiro capítulo falando sobre o uso das novas tecnologias nos estudos antropológicos, como a observação do desenvolvimento de espécies por meio do estudo do DNA Nuclear, no qual observou que 1 a 4% dos habitantes da Eurásia carregam genes do parente do Norte, o neandertal. Relatam que, com a aplicação da cronologia isotópica, o MIS-estágio isotópico marinho, foi possível identificar o meio e habitat no qual os neandertais viveram, algo em torno de 400.000 anos revistos, assim como novas descobertas de jazidas fossilíferas, importantes para a pesquisa de campo.
No segundo capítulo os autores demonstram acreditar que o neandertal era eminentemente europeu e teve como ancestral o Homo Heidelbergensis há cerca de 600.000 anos, e, que tiveram rotas migratórias, sendo encontrado fósseis nas planícies Russas, Ásia Central e Oriente próximo, sempre partindo da Europa, seguindo o fluxo dos períodos glaciais, dos quais passavam por invernos severos.
Conforme relatam no terceiro e quarto capítulo da obra, graças a utilização de novas técnicas de investigação descobriu-se que eram de pele branca, olhos claros e cabelos ruivos. Mãos fortes e dedos maiores. Crânio alongado para trás e para frente, queixo recuado e testa em forma de viseira. Caixa torácica em forma de barril (acomodava um fígado maior) e a bacia mais longa (acomodar uma bexiga e um rim maior), pelo fato de precisarem de mais energia, comiam mais e necessitavam eliminar maior número de toxinas, oriundas dos alimentos consumidos. Possuíam uma musculatura privilegiada nos braços (tinham um músculo à mais que nos Sapiens). Dentes fortes usados como uma terceira mão, além de costelas reforçadas, clavícula e omoplata mais largas. Eram baixos, entre 1,60 a 1,65, de pernas e braços curtos e fortes. Tinham mais vasos sanguíneos nos ossos e na carne do rosto, ajudava em períodos de frio severo. Os autores indicam que essas características lhes proporcionaram suportar as ocasiões glaciais de estremo frio.
No quinto e sexto capítulo, apesar de não haver consenso da comunidade científica, os autores apontam que os neandertais eram bons caçadores. Inclusive utilizavam lanças com pontas afiadas e endurecidas ao fogo e as vezes aproveitando partes de animais já mortos. Caçavam em grupos de até 15 indivíduos e tinham predileção por animais grandes, mais gordos para suprir uma exigência de 3000 a 7000 calorias diárias. No entanto, também comiam vegetais. Através de estudos do tártaro depositados nos dentes pode-se afirmar que comiam frutas e cereais cozidas já que dominavam o fogo, e estes eram cerca de 20% de sua dieta.
A conclusão chegada pelos autores no sétimo capítulo é de que, sua sobrevivência a este ambiente hostil se dava principalmente ao seu constante deslocamento atrás de alimento e lugares melhores para produzir ferramentas, até mesmo encontros com outros grupos, no qual havia troca de gens. Conforme a descoberta de seus costumes e características, os autores acreditam que eles tinham uma visão tradicionalista e demonstravam ter um padrão na maneira de viver, tinham certa organização e especialização, cada um com um papel importante, foi que manteve este primata vivo por muito tempo, e, estima os autores que talvez, essa característica pode ter influenciado em sua extinção.
No capítulo oito, “Uma vida cultural complexa”, o estudo apresenta fortes evidências de que poderia ter havido o uso de linguagem articulada.  Anatomicamente tinham condições de falar, apesar de não poder provar seu uso concreto. Sabe-se que usavam ornamentos e tinturas. Até faziam funerais. Cuidavam uns dos outros e interagiam com outros clãs, inclusive os Sapiens. Por enquanto, não foi possível provar que houve, de fato, o uso da comunicação por meio da linguagem.
O nono capítulo relata a chegada do Homo Sapiens na vida do Neandertal e sua aparente extinção. No estudo, os dados indicam que o Homo Sapiens era mais adaptável a ambientes novos, cheio de utensílios fabricados de ossos (ganchos, anzóis, arcos, brinquedos), sempre inovando e evoluindo. Há também hipóteses de que possa ter acontecido conflitos entre os clãs, talvez doenças trazidas pelo invasor, ou por meio da inversão magnética provocada pela queda de um asteroide, o que teria tirado a proteção dos raios ultravioleta. Os autores indicam que os Sapiens tinham a massa cerebral maior, mas, salientam que, não significa que eram mais ou menos inteligentes do que os Neandertais.
A abordagem exposta no décimo capítulo é sobre a extinção do Neandertal, o qual passou por mestiçagem e cruzamento entre as espécies, no qual, o Sapiens deteve maior vantagem. Mesmo sem o consenso da comunidade científica, os especialistas acreditam que esse tenha sido o fator impactante para a amortização dos Neandertais. Os autores relatam a incrível disposição dos Sapiens em crescer em espaços e populações povoadas por outros indivíduos, acarretando a ocupação de áreas já habitada por outros.
Por fim, os Neandertais se extinguiram e ainda não se sabe ao certo o porquê, nem como ocorreu de fato. Várias hipóteses são levantadas, como a chegada do Homo Sapiens em seu território, a dificuldade de inovação e adaptação ao meio, ou devido ao baixo crescimento populacional. Para os autores, o fato mais plausível é que tenha havido uma absorção da população Neandertal a massa Sapiens. Eram mais numerosos e com técnicas novas de sobrevivência além da domesticação de animais como o cão. O Homo Sapiens conseguia procriar com a mulher Neandertal, o que não acontecia ao contrário (o que acarretava aborto). No entanto, os autores não encontraram indicativos concretos de que esse tenha sido um fator que os levou a extinção e predominância do Sapiens.
Temos muitas perguntas a serem respondidas sobre nosso parente. Sobreviveu por muitos anos e simplesmente desapareceu, deixando apenas rastros de seu DNA. O Sapiens ainda está vivo como nunca. Absorvendo tudo o que pode e resistindo a evolução, até quando não se sabe.
A obra é de cunho científica, pois apresenta dados e análises dos autores, especialistas no assunto. Traz uma visão nova e interessante a respeito da extinção do Homo Neandertal. De linguagem fácil, clara e objetiva é recomendável a qualquer público interessado no assunto. Um bom livro para se ler e refletir a respeito da evolução do homo.

Não sou um escritor assíduo, tão pouco científico, sou um bom leitor e gosto de escrever, refletir e estudar assuntos que me interessam. Gosto de história, literatura, arte e música, escrever sobre esses assuntos é prazeroso pois já estou ambientado com os temas e leituras sobre o assunto. Espero que a comissão editorial possa considerar uma possível publicação deste autor desconhecido na academia, diria que sou um autodidata.




segunda-feira, 3 de setembro de 2018

TUTORIAL DE POSTAGEM DE DOCUMENTOS NO AMBIENTE WIKIDOT


 Archive post tutorial in wikidot environment

Este tutorial foi feito para as turmas de editoração Científica dos cursos de Biblioteconomia, Arquivologia e Ciência da Informação da Universidade de Santa Catarina, em 2017/2. Editado por Juliana Fachin.

Acesse esse link e veja o tutorial

O ambiente Wikidot é uma ferramenta polonesa que opera e suporta a comunidade de projetos web baseados em modelos de plataforma wiki no Wikidot.com, um serviço de rede social e de hospedagem wiki, desenvolvido em Toruń, Polônia. veja mais sobre em: https://en.wikipedia.org/wiki/Wikidot)






























Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.

terça-feira, 24 de julho de 2018

Interação humano-computador

BENYON, David. Interação humano-computador. 2 ed. Trad. Heloísa Coimbra de Souza. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011.


4º CAPÍTULO – USABILIDADE

O capítulo quatro do livro explora as funções e finalidades de um bom design, explicita exemplos e orientações didáticas para serem usadas em análises de projetos e idéias em diferentes contextos. 
As aplicações e finalidades da usabilidade com relação à interação do homem com o computador são específicas, podem variar conforme a necessidade e objetividade do projeto de design. “a usabilidade sempre foi a principal busca da interação humano-computador.” (BENYON, 2011, p. 48)
Um dos principais objetivos do designer são a “acessibilidade e a sustentabilidade”. Tornando sistemas interativos e fáceis de usar, de aprender, despertando em seus usuários maior interesse (de forma atrativa). Conforme Benyon (2011, p.48) “As metas de usabilidade de hoje são vistas, essencialmente, como preocupadas com a eficiência e a eficácia dos sistemas.” Em outras palavras, preocupa-se com um bom funcionamento e desempenho do sistema.
            Um design pode ter funções diferentes, apontadas pelo autor como três características distintas:
1º - Objetivo do designer de sistemas interativos é produzir sistemas e produtos que sejam acessíveis, usáveis, e social e economicamente aceitáveis.
2º - Objetivo do designer de sistemas interativos é produzir sistemas que possam ser aprendidos, que sejam eficazes e adaptáveis.
3º- Objetivo do designer de sistemas interativos é equilibrar os elementos PACT (pessoas; atividades que as pessoas querem realizar; contexto nos quais a interação acontece; tecnologias – hardware e software) com respeito a um domínio.
            Um sistema para ser usável deve ser útil e aplicável, por tanto a “[...] usabilidade refere-se à qualidade da interação em termos de parâmetros, como o tempo consumido na realização de tarefas, o número de erros cometidos e o tempo necessário para tornar um usuário competente.” (BENYON, 2011, p. 49)
            O diferencial de um bom projeto de design está em conseguir compreender as necessidades do homem (interação/máquina) e aplicá-las no projeto de forma clara e sucinta, visando ‘contentar’ seus usuários.

ACESSIBILIDADE
           
            O tema acessibilidade é algo importante na ergonomia, visa proporcionar oportunidades iguais para todos os tipos de usuários, preocupando-se com as diferenças e limitações das pessoas que se destina o projeto do sistema. “Com um número cada vez maior de usuários de computadores e tecnologias, os designer têm de se concentrar nas exigências que seus designs representam para a capacidade das pessoas. O designer tem de criar para idosos e crianças. [...] E também para pessoas com deficiências em ambientes comuns.” (BENYON, 2011, p. 50)
            Benyon (2011, p. 50) classificar o design que representa os diversos tipos de usuários como, “Designs para todos ou universal”, baseando-se em quatro qualificações:
· Diferenças nas habilidades não constituem uma condição especial de poucos, mas uma característica comum do ser humano e mudamos física e intelectual ao longo da vida.
· Se um design funciona bem para pessoas com deficiências, funciona melhor para todo mundo.
· A qualquer momento em nossa vida, a auto-estima, a identidade e o bem estar são profundamente afetados pela nossa capacidade de funcionar em nosso ambiente físico, com uma sensação de conforto, independência e controle.
· Usabilidade e estética são mutuamente compatíveis.

Acessibilidade tornou-se um diferencial em projetos de designs, podendo ser aplicável a todo público considerado como um fator de inclusão social e tecnológica, tornando o ambiente de fácil acesso para todos.

USABILIDADE

            Para obter usabilidade de um design, o projeto deve ser focado no humano, sendo fundamental para um bom desempenho do sistema a avaliação antes, durante e depois de sua aplicação.  Para Benyon (2011, p. 53) Um sistema com alto grau de usabilidade terá as seguintes características:
·         Será eficiente no sentido de que as pessoas poderão fazer coisas mediante uma quantidade adequada de esforços;
·         Será eficaz no sentido de que conterá as funções e o conteúdo de informações adequadas e organizadas de forma apropriada;
·         Será fácil aprender como fazer as coisas e será fácil lembrar como fazê-las após algum tempo;
·         Será seguro operar na variedade de contextos em que será usado;
·         Terá um alto grau de utilidade no sentido de que fará as coisas que as pessoas querem que sejam feitas.

Um estudo do publico usuário, das finalidades do sistema, são informações relevantes para desenvolver o projeto, definindo o perfil dos usuários e suas necessidades, combinando diferentes variações para atingir o objetivo. 

ACEITABILIDADE

            A aceitabilidade tenta introduzir as tecnologias na vida das pessoas, elaborando um objeto segundo estudos de desejos de usuário (ex. empresas fazem pesquisas para saber qual é o gosto do usuário para desenvolver um novo produto)
A Coca-Cola recentemente lançou uma pesquisa perguntando aos consumidores do refrigerante ‘fanta’ qual sabor para o novo refrigerante eles preferem morango ou maracujá, (como atrativo sorteiam 50 notebooks por dia). Esta é uma das novas estratégias das empresas para desenvolver produtos com certo grau de aceitabilidade provado pela pesquisa.
Benyon (2011, p 55) coloca o exemplo dos trens e aviões com restrições ao uso de aparelhos celulares, etc. “alguns trens têm vagões ‘silenciosos’, nos quais não se aceita o uso de celulares, e os cinemas lembram às pessoas que devem desligar os telefones antes que o filme comece.” A aceitabilidade está quando as pessoas aceitam as condições ou produtos sem deixar de consumir ou utilizar aquele serviço.

PRINCÍPIOS DO DESIGN

            Os princípios de designs podem ser amplos e envolvem diversas questões, e servem como orientação na criação e desenvolvimento de um sistema ou produto. Os princípios são reunidos em três categorias principais: capacidade de aprendizagem, efetividade e adaptabilidade, mas que são doze categorias específicas:

·         Visibilidade, procura tornar as coisas visíveis;
·         Consistência, padronizar a característica do design;
·         Familiaridade, usar terminologias e símbolos que seus usuários já conhecem;
·         Affordance, o design deve ser claro, representando para que ela sirve;
·         Navegação, o sistema deve dispor de suporte para que as pessoas possam navegar livremente nele;
·         Controle, os usuários devem saber quem está no controle, mas também podem ter o controle;
·         Retorno (feedback), retorne de forma rápida as ações do sistema para que as pessoas ‘saibam os efeitos que suas ações causaram’;
·         Recuperação, possibilitar a recuperação das ações de forma rápida e eficaz;
·         Restrições, restringir certas funções para que as pessoas não tentem fazer coisas indesejadas e por segurança;
·         Flexibilidade, proporcionar diversas maneiras de fazer as coisas, para atender a diferentes usuários;
·         Estilo, os designs devem ser elegantes e atrativos;
·         Sociabilidade, o sistema deve ser bem educado, amigável e também agradável

As doze características se complementam e tornam o projeto bem sucedido se assim for o objetivo do projeto, embora não seja necessária a aplicação de todos os princípios juntos, mas o uso deles leva o projeto a um padrão, uma qualidade, e como conseqüência a aceitabilidade do design.

Comentário:
O livro é muito interessante, didático e de fácil leitura, aborda aspectos importantes a considerar na elaboração de um projeto de design, como também questões para refletir sobre o uso de ferramentas e aplicativos. O livro leva o leitor a ter uma nova percepção sobre as coisas á sua volta, instiga e provoca reações participativas no que se refere aos produtos e sistemas, refletindo se poderia mudar algo ou melhorá-lo. Trás exemplos claros de aplicações de melhorias, quadros explicativos e exercícios para praticar os temas abordados. Indica leituras complementares em cada capítulo, como também enfatiza os pontos importantes do tema através de resumos.
A leitura é recomendada para todos os públicos que tem interesse em saber mais sobre a interação do homem com a máquina em suas especificidades.

Juliana Fachin     creativecommons